Influenciadoras são condenadas a 12 anos de prisão por injúria racial contra crianças negras

A Justiça condenou as influenciadoras digitais Nancy Gonçalves Cunha Ferreira e Karollen Vitória Cunha ( mãe e filha) a 12 anos de prisão em regime fechado, por injúria racial. Em 2023, elas divulgaram vídeos em que aparecem oferecendo uma banana e um macaco de pelúcia a crianças negras em São Gonçalo (RJ). A sentença foi publicada na última segunda-feira (18) pela juíza Simone de Faria Feraz, da 1ª Vara Criminal da cidade.

Além da pena, as duas deverão pagar uma indenização de R$ 20 mil a cada vítima, que tinham 9 e 10 anos na época. As influenciadoras estão proibidas de fazer publicações na internet e terão contas e conteúdos bloqueados em plataformas como YouTube, Instagram e TikTok. A defesa vai recorrer da decisão, enquanto elas continuam em liberdade.

Segundo a investigação, as influenciadoras, que somavam mais de 13 milhões de seguidores nas redes, abordaram crianças no bairro Jardim Catarina, na cidade fluminense. Em um dos vídeos, ofereceram R$ 5 ou uma caixa surpresa. A menina de 10 anos, que acreditava se tratar de uma boneca, encontrou um macaco de pelúcia ao abrir o pacote. Em outro vídeo, um menino negro escolheu o presente em vez dos R$ 10 e recebeu apenas uma banana.

As imagens, na época, repercutiram nas redes sociais, levantando denúncias de organizações antirracistas e levaram as vítimas a sofrer bullying nas escolas. Uma das mães, a recicladora Dilcelaine Vieira, afirmou, ao G1, sentir reparação com a decisão:

Agora eu estou sentindo um alívio, porque a Justiça está sendo feita. Eu estou chorando porque o que meus filhos passaram, o que passei, é muito triste, não desejo para ninguém”, declarou Dilcelaine.

Na sentença, a juíza Simone de Faria classificou o comportamento das rés como “monstruosidade“. O processo cita ainda a possibilidade de os vídeos terem sido monetizados, já que Nancy se apresentava como microempresária do ramo audiovisual.

Nada mais absurdo querer fazer crer que nesses dias de conhecimento imediato, fácil acesso, as rés não soubessem o que é racismo. Não viviam as rés em tribo isolada, sem rede social, faziam seu ganha-pão justamente em publicações em rede mundial de computadores“, escreveu a magistrada.

A magistrada refutou a tese de que seria apenas uma brincadeira, mencionando a obra Racismo Recreativo, do pesquisador Adilson José Moreira, que define práticas desse tipo como tentativas de disfarçar hostilidade racial por meio do humor.

Em depoimento, Nancy e Karollen afirmaram que apenas reproduziam uma “trend” das redes sociais, negaram intenção racista e disseram não conhecer o conceito de racismo recreativo. No ano passado, quando os vídeos foram apagados, elas alegaram que as imagens haviam sido “retiradas de contexto“.

Por: Redação Caririensi

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