O deputado federal Junior Mano (PL-CE) vem protagonizando um jogo político que, para além da esperteza estratégica, flerta perigosamente com a incoerência. Pré-candidato ao Senado Federal, Mano tenta costurar apoios diversos, inclusive dentro do Partido dos Trabalhadores, enquanto mantém uma trajetória parlamentar frontalmente contrária aos interesses do governo federal — do qual tenta, ao mesmo tempo, se beneficiar.
Nos corredores de Brasília e nos bastidores da política cearense, não é mais segredo que Junior Mano busca aproximação com o grupo político de Camilo Santana e José Guimarães, pilares do petismo no Ceará. A intenção é clara: viabilizar sua candidatura ao Senado com o maior leque de apoios possível. Porém, há um abismo entre o que o deputado diz (ou insinua) e o que ele faz no plenário.
Em votações decisivas, Mano segue fiel ao bolsonarismo raiz. Votou contra medidas importantes para a recuperação fiscal do país, resistiu a projetos que buscam justiça tributária — como a taxação de grandes fortunas no exterior — e se manteve alinhado à narrativa da oposição em pautas sociais, econômicas e ambientais. É um roteiro conhecido: o parlamentar se comporta como oposição dura em Brasília, mas no Ceará tenta vestir a camisa do pragmatismo e dialogar com adversários ideológicos em nome do próprio projeto de poder.
A contradição não é apenas uma questão ética. Ela representa um risco concreto para o estado do Ceará. O Senado não pode ser ocupado por quem faz política de conveniência, votando contra pautas que beneficiam o povo para agradar bolhas ideológicas, enquanto negocia acordos de bastidor em busca de um mandato majoritário. A população cearense precisa — e merece — representantes que atuem com clareza, responsabilidade e compromisso público, não com oportunismo eleitoral.
Junior Mano tenta jogar dos dois lados: se vende como “dialogador” no palanque estadual, mas sustenta a máquina de sabotagem bolsonarista na Câmara Federal. Esse tipo de ambiguidade não fortalece a democracia — pelo contrário, confunde o eleitor e compromete a confiança na política.
É hora de parar de premiar a duplicidade. O Ceará precisa de senadores que votem a favor do Brasil — não apenas a favor de si mesmos.
Por: Karol Matos – Política de A a Z