Duas espécies raras de morcegos são identificadas pela primeira vez no Ceará. Uma delas é ameaçada de extinção

Pesquisadores do Museu de História Natural do Ceará (MHNCE) identificaram, pela primeira vez, duas espécies raras de morcegos no Estado. Os mamíferos foram localizados em Guaramiranga e Pacoti, na região da Serra de Baturité, e ampliaram para 55 o número de espécies registradas no Ceará.

Myotis ruber

Os morcegos descobertos são das espécies Myotis ruber, da família Vespertilionidae, de coloração alaranjada, e Molossus pretiosus, da família Molossidae, com pelagem escura e voo veloz. Ambos são insetívoros e vivem em áreas úmidas e florestadas — características presentes nos fragmentos de Mata Atlântica da serra.

Molossus pretiosus

A Myotis ruber, encontrada em Guaramiranga, está classificada como “Quase Ameaçada” de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), por causa da perda de habitat. Já o Molossus pretiosus foi achado morto no campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece), em Pacoti, e tem menor risco de extinção.

As capturas foram feitas com redes de neblina, instaladas entre 16h e meia-noite. Segundo a bióloga Nádia Cavalcante, do MHNCE, as vistorias eram feitas a cada 15 minutos, com os animais sendo retirados cuidadosamente para análise.

A descoberta é resultado de uma pesquisa iniciada em 2020 pela Fiocruz e pelo Museu de História Natural do Ceará, com o objetivo de monitorar a presença do coronavírus em morcegos e roedores silvestres. O estudo foi coordenado pelo pesquisador Dr. José Luiz Passos Cordeiro (Fiocruz/PICTIS) e contou com a participação da Dra. Marcione Oliveira, bióloga especialista em morcegos do Museu Nacional; Dr. Aldo Caccavo, pesquisador do Museu Nacional e ex-curador da coleção de mamíferos do MHNCE; Dr. Giovanny Mazzarotto, médico-veterinário da Fiocruz Ceará e do Instituto Carlos Chagas (ICC/Fiocruz); e Dr. Hugo Fernandes Ferreira, professor da Uece e coordenador do Laboratório de Conservação de Vertebrados Terrestres.

Além de ampliar o conhecimento sobre a fauna cearense, o estudo reforça a importância da preservação ambiental e da vigilância sanitária em espécies que podem atuar como hospedeiras de vírus com potencial de transmissão a humanos.

Por: Redação Caririensi

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