Esta decisão marca um passo significativo no debate sobre um dos temas mais polêmicos e sensíveis do cenário jurídico brasileiro
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A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, anunciou que o aguardado julgamento da ação que trata da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação será realizado na sexta-feira, 22. Esta decisão marca um passo significativo no debate sobre um dos temas mais polêmicos e sensíveis do cenário jurídico brasileiro.
O processo em questão foi movido pelo (PSOL) em 2017 e tem a relatoria da ministra Rosa Weber. Um aspecto notável é que a magistrada está prestes a se aposentar compulsoriamente em 2 de outubro, ao completar 75 anos de idade. Entretanto, mesmo após sua aposentadoria, o voto da ministra continuará válido, o que pode ter implicações significativas no resultado final do julgamento.
A atual legislação brasileira, conforme o Código Penal, considera crime tanto a mulher que realiza um aborto quanto quem o provoca na gestante com o seu consentimento. As únicas exceções previstas atualmente são quando não há outra forma de salvar a vida da gestante, em casos de estupro ou quando se constata que o feto é anencéfalo. Essas restrições levantam questões sobre a autonomia da mulher e seus direitos constitucionais.
O pedido do PSOL visa revogar os artigos do Código Penal que criminalizam o aborto nas primeiras 12 semanas de gravidez, argumentando que essa proibição é incompatível com a dignidade da pessoa humana e a cidadania das mulheres. O partido busca garantir o direito das mulheres de interromper a gestação sem a necessidade de permissão do Estado, bem como permitir que os profissionais de saúde realizem o procedimento de forma segura e legal.
Em 2018, o STF convocou uma audiência pública na qual especialistas, instituições e organizações nacionais e internacionais foram ouvidos. Entre os participantes estavam representantes do Ministério da Saúde, da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, da Academia Nacional de Medicina, da Fundação Oswaldo Cruz, do Conselho Federal de Psicologia e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Após essa audiência, a ministra Rosa Weber expressou sua intenção de refletir sobre o tema para o “amadurecimento da causa”.
É importante notar que a ministra Rosa Weber assumiu a presidência do STF em setembro de 2022 e optou por manter a ação do aborto sob sua relatoria, contrariando a prática comum de repassar os casos do magistrado que assume a presidência para outro relator. A decisão final será conhecida após a conclusão da sessão virtual até 29 de setembro.
Por: Redação Caririensi