Câncer de Mama: Brasileiras adiam exames sem estímulo, revela pesquisa no TJCC

Desinformação sobre a doença e desigualdade de acesso preocupam especialistas


Imagem: Reprodução/ Redes Sociais

Uma pesquisa apresentada no 10º Congresso Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC) revelou que duas em cada três brasileiras só realizam exames clínicos de rotina para detecção do câncer de mama ou autoexame quando estimuladas por médicos ou campanhas de conscientização. Os resultados expõem a desinformação sobre a doença e desigualdades no acesso aos cuidados de saúde.
O estudo, encomendado pela Gilead Oncologia e chancelado pelo Instituto Oncoguia, foi realizado com 1.007 entrevistadas entre novembro e dezembro de 2022, com idades entre 25 e 65 anos. As entrevistadas foram questionadas sobre o sistema de saúde que utilizam, a última consulta ginecológica, a avaliação de sua saúde e seu grau de informação sobre o câncer de mama, incluindo diferentes tipos da doença e formas de tratamento.
Desigualdades na detecção
Os resultados revelaram que os exames de detecção do câncer de mama são mais comuns entre as mulheres das classes A e B, com idades entre 40 e 59 anos. As mulheres de classes sociais mais baixas e com menor escolaridade têm menos acesso a informações, consultas de rotina, exames diagnósticos e tratamentos.
Entre as entrevistadas, 56% eram negras, 45% pertenciam à classe C e 36% às classes D e E. Pelo menos 6% das participantes relataram dificuldades de acesso aos exames, como não conseguir marcar pelo Sistema Único de Saúde (3%), demora para conseguir (2%), preço elevado (1%) e a falta de aparelhos disponíveis em suas regiões (1%).
Desconhecimento sobre a doença
Embora 70% das mulheres afirmassem se sentir bem informadas em relação ao câncer de mama, a pesquisa revelou um profundo desconhecimento sobre a doença. Apenas 11% das entrevistadas tinham conhecimento sobre pelo menos um dos subtipos da doença.
A oncologista Ana Amélia Viana, da Hupes-UFBA e oncologia Rede D’Or Bahia, enfatiza a importância de conhecer os diferentes tipos de câncer e os perfis com maior recorrência para uma prevenção adequada. Por exemplo, mulheres negras têm um risco maior de desenvolver o câncer de mama do tipo triplo negativo, mais agressivo e que ocorre mais cedo, tornando a mamografia precoce essencial.
Os especialistas concordam que a informação e o acesso igualitário aos exames são fundamentais para melhorar a detecção precoce do câncer de mama e, consequentemente, aumentar as chances de tratamento bem-sucedido. Campanhas de conscientização e programas de saúde devem ser implementados para abordar essa lacuna de conhecimento e acesso.
Por: Redação Caririensi

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