Entenda como funciona a fila de transplantes e por que não há possibilidade de ‘furar’ a ordem

Logística do SUS ganha visibilidade após o apresentador Faustão precisar de um novo coração;


Imagem: Reprodução/ Redes Sociais

A complexa e crucial logística por trás da fila de transplantes no Brasil ganhou destaque recentemente, após o renomado apresentador Fausto Silva, conhecido como Faustão, entrar na fila de espera por um novo coração. No estado do Ceará, 1.604 pacientes aguardam ansiosamente por órgãos e tecidos que podem salvar suas vidas, sendo que 71% desses pacientes estão à espera de um rim.

A incerteza que envolve um transplante é uma realidade dolorosa para essas 1.604 pessoas no Ceará, com o rim sendo o órgão mais demandado, seguido de perto pelo coração. A fila de espera é uma realidade nacional, com cada estado brasileiro mantendo sua própria lista, todas interconectadas pelo Sistema Nacional de Transplantes. Essa interconexão visa garantir uma distribuição equitativa dos órgãos disponíveis e é regida por critérios técnicos específicos para cada tipo de procedimento.

Processo na fila de transplantes:

Avaliação: Uma equipe de transplantes autorizada pelo Ministério da Saúde avalia a condição do paciente através de consultas e exames médicos.

Inscrição: As informações do paciente são registradas em um sistema informatizado de transplantes que gerencia a lista de espera.

Espera: Os pacientes aguardam até que um doador compatível seja identificado, geralmente com morte encefálica confirmada e consentimento da família.

Definição: O sistema avalia a compatibilidade do órgão do doador com o paciente. Além disso, fatores como grupo sanguíneo e, em casos como coração e pulmão, peso, são considerados para determinar a ordem da lista.

A coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Eliana Barbosa, explica que os critérios variam para cada órgão, mas a compatibilidade genética é um dos principais fatores para determinar a posição na fila. Pacientes mais compatíveis têm maior prioridade.

Um exemplo dado por Eliana é o peso. Órgãos como coração e pulmão devem ser transferidos para corpos de dimensões semelhantes, garantindo uma maior probabilidade de sucesso.

Prioridades na fila de transplantes:

Além da ordem de inscrição, há situações que conferem prioridade a pacientes. Por exemplo, alguém que esteja internado com dispositivos mecânicos tem prioridade sobre alguém hospitalizado, mas não dependente de tais dispositivos para sobreviver.

Desafios e distribuição de órgãos:

Após a confirmação de um doador compatível e a efetivação da doação, o sistema avalia rapidamente a situação do paciente para confirmar a viabilidade da cirurgia. Isso ocorre porque certos órgãos, como o coração, têm um limite de tempo muito curto para serem transplantados, muitas vezes não excedendo 4 horas.

Se não houver pacientes compatíveis no Ceará, a informação sobre a disponibilidade do órgão é repassada ao Ministério da Saúde, que coordena a distribuição através de critérios específicos. Isso envolve cooperação técnica com empresas aéreas para o transporte gratuito dos órgãos aos locais onde os pacientes estão à espera.

Impacto das negativas para doação:

No entanto, nem todos os casos resultam em transplante. A falta de doações de órgãos é um obstáculo que afeta milhares de vidas em todo o Brasil. No Ceará, dados do Registro Brasileiro de Transplantes mostram que entre janeiro e março deste ano, 51% das entrevistas realizadas com familiares de potenciais doadores resultaram em negativas para a doação de órgãos.

A fila de transplantes, embora siga critérios técnicos rigorosos, representa a esperança de uma nova vida para muitos, ressaltando a importância de conscientizar sobre a doação de órgãos e tecidos, bem como a necessidade contínua de ampliar a disponibilidade desses preciosos recursos médicos.

Por: Redação Caririensi

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