O senador cearense Eduardo Girão (Novo) foi mencionado em duas ocasiões no inquérito da Polícia Federal (PF) que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 36 pessoas por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota eleitoral de 2022. Embora não figure como investigado, as referências ao parlamentar geraram atenção no contexto das apurações.
Mobilizações nas proximidades de quartéis
A primeira menção a Girão surge em investigações sobre a articulação de aliados de Bolsonaro para mobilizar manifestantes que ocupavam praças públicas e áreas próximas a quartéis do Exército, em protesto contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com o inquérito, os investigados incentivaram essas manifestações com o uso de declarações de políticos alinhados ao bolsonarismo.
Uma troca de mensagens entre o major Rafael Martins de Oliveira, conhecido como “Joe”, e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, revelou como líderes militares pediam orientação para direcionar manifestantes. Em uma dessas interações, Mauro Cid enviou a “Joe” o link de uma publicação feita por Girão. No post, o senador cearense dava boas-vindas a manifestantes que se dirigiam ao Congresso Nacional, acompanhado de uma imagem do parlamento tomado por manifestantes.
Os atos ocorreram no feriado de 15 de novembro de 2022, Dia da Proclamação da República, quando apoiadores de Bolsonaro intensificaram protestos em várias cidades, como São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, em rejeição à posse de Lula.
Audiência com críticas às urnas eletrônicas
A segunda citação a Girão no relatório da PF refere-se a uma audiência pública realizada no Senado no dia 30 de novembro de 2022, na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor, presidida pelo parlamentar. O evento foi convocado para discutir a “fiscalização das inserções de propagandas políticas eleitorais”.
No entanto, o encontro foi marcado por discursos que colocaram em dúvida o processo eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas. Segundo a PF, o espaço serviu como um dos palcos para reforçar retóricas questionando o sistema eleitoral, tema central na narrativa golpista de setores alinhados a Bolsonaro.
Girão nega envolvimento
Apesar das citações, Eduardo Girão não é investigado no inquérito. O parlamentar, que tem perfil conservador e fez críticas ao sistema eleitoral em diversas ocasiões, ainda não se pronunciou formalmente sobre as menções feitas pela Polícia Federal.
A inclusão de figuras públicas em discussões sobre atos golpistas reforça o impacto político das investigações, que seguem avançando para identificar responsabilidades. Enquanto isso, a análise do inquérito acirra os ânimos no cenário político nacional.
Por: Redação Caririensi