Cofen aponta irregularidades em estágios de Enfermagem e oferece colaboração ao MEC

A formação precária e de baixa qualidade na área da saúde tem sido motivo de grande preocupação para o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), que vem alertando governantes e parlamentares sobre a necessidade urgente de revisar procedimentos e adotar medidas para reverter essa situação.

Evidências revelam que profissionais de Enfermagem, especialmente aqueles que tiveram formação de Ensino à Distância (EaD), estão ingressando no mercado de trabalho sem a qualificação adequada. Os efeitos no ensino já são perceptíveis, principalmente entre os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Os problemas não se restringem ao EaD. Em audiência com a secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do Ministério da Educação (MEC), Marta Abramo, o presidente do Cofen, Manoel Neri, alertou sobre irregularidades nos estágios supervisionados.

“Polos de ensino sem infraestrutura adequada, localizados em cidades com menos de 30 mil habitantes e que possuem apenas unidades básicas de saúde, estão atestando estágios como se tivessem sido realizados em serviços altamente especializados, como unidades de terapia intensiva e emergência, que sequer existem nessas localidades”, afirmou.

Daniel Menezes, vice-presidente do Cofen, destacou que os alunos são atraídos por instituições sem a estrutura necessária e, ao concluírem os cursos, acreditam estar preparados para a prática profissional. No entanto, ao enfrentarem a realidade do mercado de trabalho, percebem que não possuem as competências essenciais. “Isso resulta na frustração de um sonho, pois os formandos não conseguem manejar pacientes graves, executar procedimentos de rotina e compreender a dimensão do papel que devem desempenhar”.

Impactos negativos

A conselheira federal, Ana Paula Brandão, ressaltou a preocupação do conselho com o impacto negativo do ensino de baixa qualidade nas políticas públicas de saúde. “A eficiência dos recursos humanos é crucial para enfrentar os desafios do sistema de saúde, e precisamos de parâmetros educacionais que atendam às necessidades dos pacientes”, defendeu. O posicionamento foi apoiado pela conselheira do Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE), Isabelita de Luna.

Reconhecendo a gravidade da situação, Marta Abramo admitiu a necessidade de revisar a legislação vigente. “O marco regulatório atual flexibilizou excessivamente os parâmetros para a abertura de cursos, e precisamos de uma legislação mais rígida para conter a proliferação de cursos de baixa qualidade”, afirmou a secretária. Junto com a diretora de Política Regulatória do MEC, Caroline Gama, solicitou que o Cofen formalize as denúncias sobre as irregularidades constatadas para subsidiar as decisões do ministério.

O Cofen ofereceu sua colaboração ao MEC. “Estamos dispostos a estabelecer uma cooperação técnica para assegurar a qualidade dos cursos de Enfermagem”, garantiu Manoel Neri.

Por: Redação Caririensi

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