Na busca por cargos eletivos, os ex-secretários falam sobre suas metas para o ano eleitoral e adiantam como devem viabilizar suas candidaturas nos próximos meses
Cinco integrantes do governo que ocupavam cargos com status de Secretaria (quatro titulares e um executivo) pediram exoneração do Governo do Ceará, segundo publicação do Diário Oficial do Estado (DOE) da última quinta-feira, 30. As mudanças no Executivo obedecem, à minirreforma na equipe do Palácio da Abolição anunciada pelo governador Camilo Santana (PT). Em comunicado interno, o petista havia pedido a desincompatibilização dos que pretendam disputar mandatos nas eleições gerais de 2022.
Integram a lista Mauro Filho (licenciado do Planejamento e Gestão), Zezinho Albuquerque (Cidades), Lia Gomes (secretária-executiva na Secretaria da Proteção Social), Francisco De Assis Diniz (Desenvolvimento Agrário) e Inácio Arruda (Ciência, Tecnologia e Educação Superior).
A médica Lia Ferreira Gomes deixou o cargo que ocupava desde março de 2019. Irmã do presidenciável Ciro Gomes e do senador Cid Gomes, ambos do PDT, ela deve investir na pré-candidatura a deputada estadual nas eleições de 2022 pelo mesmo partido. Seu projeto eleitoral será retomado após ela ser impedida de prosseguir com sua campanha em 2018, após ter sua candidatura barrada pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará por não ter realizado o cadastramento biométrico.
Afastada do governo, a ex-secretária afirma que agora deve dedicar mais tempo para a participação de eventos e viagens à zona norte do Ceará. “Achei ruim, de início, ter saído, porque estava correndo com muita coisa para entregar até começo de abril. Estava ficando muito cansada. Eu pretendo me candidatar a deputada estadual, já é um sonho antigo. Da outra vez fui candidata e não deu certo por conta da biometria. Venho com entusiasmo. A participação na secretaria me trouxe uma visão muito ampla”, afirma.
Segundo a pré-candidata, apesar do seu conhecimento em eleições desde a década de 70, a campanha deste ano promete ser “pesada”, principalmente no quesito da desinformação. Sobre as fake news, tenho certeza que o TSE não está preparado para enfrentar essa questão. Acho que eles [adversários] vão jogar pesado, pois na questão da internet já existe aplicativo que bota palavras na boca da pessoa. Acho que vai ser pesado, também, em termos de deslealdade e compra de votos”, avalia.
Também de saída do secretariado, Francisco de Assis Diniz parte agora para consolidar sua base em torno de sua candidatura a deputado estadual pelo PT. Ex-presidente do diretório estadual do partido por dois mandatos, o historiador já comando o Sindicato dos Metalúrgicos do Estado do Ceará, e presidiu a Federação dos Metalúrgicos do Norte/Nordeste, o Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT) e a CUT.
“Na condição de pré-candidato a deputado estadual, sairei pelo PT, aliás, este é único partido que eu tenho ao longo dos últimos 35 anos e que tive a honra de presidi-lo por duas vezes. Nós vamos, a partir do dia três, intensificar aquele trabalho que fiz ao longo da minha militância, identificado com uma causa social de defesa dos interesses históricos da classe trabalhadora. O que tenho a médio e longo prazo é consolidar essa base social que ao longo dos anos a gente se constituiu”, afirmou Diniz.
Também fora do posto, Inácio Arruda afirma que a saída deve-se à determinação do PCdoB para que seu nome fique em uma eventual disposição. Apesar de, nos bastidores, ser ventilada uma possível candidatura a deputado estadual, ele afirma que sua prioridade para o primeiro semestre é iniciar uma série de diálogos com partidos do campo progressista no Ceará para viabilizar a montagem de chapas de deputados estaduais.
“Ficamos mais à vontade para discutir com partidos aliados, como PT no Ceará, PDT, PSB, PV e Psol que é o partido mais novo e que tem se destacado na discussão do que a gente pensa para essa batalha de 2022”, disse o ex-secretário. Segundo Inácio, outro desafio é “manter a unidade no campo democrático popular” diante dos atritos entre PT e PDT no âmbito nacional.
“A gente quer manter o conjunto no plano estadual, por isso temos que percorrer o estado ganhando as lideranças todas para unir esse conjunto de partidos. Não é tarefa fácil, mas vamos manter e para abrir uma vitória desse conjunto no plano do estado”, finalizou Inácio.
Mauro Filho é um dos pré-candidatos do PDT para disputar o Palácio da Abolição. Participam do mesmo processo a vice-governadora Izolda Cela, o ex-prefeito Roberto Cláudio e o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará Evandro Leitão. Caso não seja escolhido, o parlamentar deve tentar reeleição para a Câmara dos Deputados. Procurado pela reportagem, o parlamentar não respondeu até o momento.
Já o deputado Zezinho Albuquerque (PDT) também pode tentar sua reeleição à Assembleia Legislativa. “O foco nos primeiros meses é tentar consolidar a candidatura mais uma vez e estar presente na Assembleia, votando nos projetos que são interessantes para os cearenses. Pretendo visitar os interiores, pois na secretaria só poderá fazer isso sábado e domingo, agora vou ter mais tempo para viajar cada vez mais”, disse.
Atualmente, o deputado federal AJ Albuquerque (PP), filho de Zezinho, ocupa uma cadeira na bancada cearense da Câmara dos Deputados. Aliado do governo do CE, o Progressitas – que tem como principal liderança o senador Ciro Nogueira, que é um dos mais fieis aliados ao Governo Federal – ainda deve definir sua futura posição diante do future cenário eleitoral.
Sobre uma possível mudança de partido durante o período das janelas partidárias, Zezinho afirma que o assunto ainda deverá ser discutido com o senador Cid Gomes, também articulador eleitoral do PDT. “Na hora que for necessário vai ser discutido lá em março”, completa.
Fonte: O Povo