Nascido em 1571, o astrônomo alemão revolucionou o conhecimento sobre a órbita dos planetas ao redor do Sol. Hoje, as chamadas leis de Kepler ajudam a operar foguetes e satélites
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Se Johannes Kepler ainda estivesse vivo, ele celebraria seu 450º aniversário nesta segunda-feira, 27/12. O astrônomo e matemático alemão está entre os pensadores que revolucionaram a ciência e a forma como vemos e compreendemos o universo, a natureza e a própria vida – ao lado de grandes nomes como Galileu Galilei, Nicolau Copérnico e Isaac Newton.
Nascido em 27 de dezembro de 1571 nos arredores da atual cidade de Stuttgart, no sul da Alemanha, Kepler é conhecido sobretudo pelas chamadas leis de Kepler, sobre o movimento planetário. Apresentadas entre 1609 e 1619, as três leis descrevem como os planetas orbitam ao redor do Sol. Naquele tempo, havia uma forte divisão entre astronomia e física, e Kepler queria aproximar as duas disciplinas. E, ao fazê-lo, transformou o pensamento científico. As leis de Kepler Tudo começou quando Kepler descobriu que Marte orbitava o Sol numa trajetória elíptica, ou seja, de forma oval.
Essa primeira descoberta fez com que Kepler percebesse que todos os planetas se movimentavam com velocidades diferentes ao redor do Sol numa órbita elíptica. Isso trouxe avanços à teoria heliocêntrica anterior, proposta pelo matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico e segundo a qual os planetas orbitavam o Sol num movimento circular. As leis de Kepler sobre o movimento planetário foram essenciais para a lei da gravidade de Isaac Newton nos anos 1680.
A lei de Newton afirma que todos os objetos, ou as partículas que compõem objetos, atraem uns aos outros com uma força gravitacional. E isso explica por que planetas orbitam o Sol. Aplicação das leis As leis de Kepler são úteis para o entendimento do movimento de objetos naturais. Elas ajudam também na compreensão de sistemas estelares e de planetas fora do Sistema Solar. As leis são usadas hoje para determinar trajetórias de foguetes e órbitas de satélites ao redor da Terra.
Satélites podem estar mais perto ou mais longe do nosso planeta, dependendo do ponto de sua órbita em que se encontram – essa é a natureza de uma órbita elíptica. Isso é importante para planejar, por exemplo, quando e onde captar imagens da Terra ou quando é mais eficiente enviar dados de um lugar do planeta para outro via satélite. Quando ciência e religião coexistiam Kepler nasceu num período em que a comunidade científica trabalhava dentro dos limites da religião e da Igreja.
Nem sempre era fácil conciliar os dois mundos, e muitos filósofos e cientistas pagaram por isso. No caso de Kepler, a religião era uma influência positiva. Ele evitava chamar suas descobertas sobre o movimento planetário de leis, considerando-as “harmonias celestiais” que refletiam o plano de Deus para o universo. Todo o ensino era controlado pelas instituições da Igreja, tanto da Católica quanto da Protestante.
Kepler cresceu numa família luterana. Ele recebeu uma bolsa de estudos por meio da Igreja, o que o impulsionou em sua jornada científica. Ele frequentou um seminário na Universidade de Tübingen a partir de 1859. As pessoas tinham tendência a se formar nessas instituições para se tornar professores ou religiosos. Inicialmente, Kepler planejava ser teólogo. Até que começou a estudar sob seu mentor, Michael Mästlin, que apresentou Kepler às ideias de Copérnico. Estas desempenharam um papel central nas descobertas do próprio Kepler.
O pensador alemão dizia que Deus o havia guiado para estudar as estrelas. Ele até mesmo acreditava que o Sol simbolizava Deus – uma força em torno da qual os países giravam. Uma ideia que Newton reviu mais tarde. A história de Kepler mostra como a ciência evolui, estando em constante fluxo e movimento, descoberta e redescoberta. E como o pensamento científico existe no contexto de seu tempo e das vidas dos pensadores. Autor: Louisa Wright
Fonte: O Povo