Filiação marcada para esta terça-feira, 30, deve reunir líderes evangélicos em Brasília.
Foto: Evaristo Sá/AFP
Após dois anos sem partido desde sua saída do PSL, o presidente Jair Bolsonaro oficializa, nesta terça-feira, 29, sua filiação ao Partido Liberal (PL). Interlocutores da cúpula do PL dizem que a legenda organizou para esta semana uma cerimônia simples, às 10h, no auditório do Complexo Brasil 21, em Brasília, espaço para público entre 250 e 300 pessoas. A informação é do jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.
Integrantes do partido ainda preferem manter os detalhes em sigilo, mas alguns representantes revelam que a temática religiosa dará o tom do evento. O Dia do Evangélico é um feriado local, válido apenas no Distrito Federal. Os evangélicos integram um importante grupo para o pleito presidencial em 2022.
A entrada de Bolsonaro já havia sido anunciada pelo partido para o dia 22, mas foi adiada após o mandatário ficar insatisfeito com uma aliança eleitoral em São Paulo. Na região, a sigla planejava caminhar ao lado do hoje vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de João Doria para a sucessão no Palácio dos Bandeirantes.
A cúpula do PL realizou uma série de reuniões formais e informais para ajustar um acordo que permitisse a filiação do presidente. Poucas horas depois de adiar o evento de filiação do chefe do Executivo, o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, ligou para membros da legenda para chamar para um jantar na sua casa, em Mogi das Cruzes (SP), no dia 14 de novembro.
Nos bastidores, integrantes do partido alegam que o PL nunca esteve distante do Planalto e que agora tal “casamento” seria reforçado. A informação é que a filiação custou a Valdemar Costa Neto um pedido de desculpas com alguns políticos, além do cancelamento de alguns acordos. “Agora o presidente está conosco”, era o argumento usado.
Em seu novo partido, Bolsonaro deve encontrar alguns desafetos. Um deles é o deputado Marcelo Ramos (AM), atual vice-presidente da Câmara. Ao ficar de avaliar a filiação, ele chamou a chegada do mandatário à legenda como “absolutamente incômoda”.
Outros nomes que estão na lista é a do deputado federal Tiririca, de São Paulo, e o senador Romário, do Rio de Janeiro. O presidente também deve encontrar com ex-ministros de gestões passadas, como é o caso de Alfredo Nascimento (AM), que atuou durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e Maurício Lessa (AL), ex-auxiliar de Michel Temer (MDB) e atual secretário de Renan Filho, governador de Alagoas, do MDB. O emedebista alagoano é filho do senador Renan Calheiros, que foi relator da CPI da Covid-19, adversário ferrenho de Bolsonaro.
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualmente, o PL é composto por quatro senadores e 43 deputados federais. Após a filiação de Bolsonaro, o número deve aumentar. Além da migração de deputados e senadores para o partido, assessores pessoais de Bolsonaro também preparam candidaturas.
Segundo o jornalista Evandro Éboli, do blog do Noblat, o PL deve ganhar ao menos 30 novos deputados. A conta foi feita por Giovani Cherini (PL-RS), um dos vice-líderes do partido e dos mais empolgados bolsonaristas na sigla. Ele afirma que esses deputados serão egressos de partidos distintos, mas a maioria será do PSL, afirma o jornalista Guilherme Amado.
O senador Flávio Bolsonaro (RJ), que se juntou ao Republicanos recentemente, deve deixar o partido e se filiar ao lado do pai. Entre os ministros de Bolsonaro, a principal estratégia é lançar Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, para o governo de São Paulo. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles também é cotado para vaga no Senado Federal.
Fonte: Jornal O Povo